29 setembro 2010

Stone Temple Pilots – “Stone Temple Pilots”

Não é por acaso que em contextos complicados ou repletos de tensões emergem atitudes criativas e dotadas de um gesto reflexivo sobre a reinvenção do passado. Tal pensamento pode ser aplicado ao novo álbum da banda norte-americana Stone Temple Pilots - STP cujo título é homônimo ao grupo formado por Scott Weiland (vocal), Dean DeLeo (guitarra), Robert DeLeo (baixo) e Eric Kretz (bateria).
Com 18 anos de carreira, marcada por uma lacuna após separação dos integrantes entre 2003 e 2008 em função de brigas e desentendimentos, o STP lança o seu sexto álbum e resgata influências do passado mantendo a mesma pegada que levou o grupo a ser comparado, em sua projeção mundial, a bandas de destaque como Pearl Jam e Alice in Chains.

Composto por 16 faixas, Stone Temple Pilots, o disco, alterna seu repertório, como realizado em experiências anteriores, em composições pesadas e baladas simples e inconfundíveis. A trilha de abertura, “Between The Lines”, não aponta nada de novo, mas parece ser um convite ao fã sedento que durante nove anos de silêncio teve de se contentar com os timbres de Scott Weiland à frente do Velvet Revolver, projeto que liderou tendo como companheiros os ex-integrantes do Guns N' Roses como Slash e Duff McKagan.

“Hickory Dichotomy” já faz ecoar no ambiente algo que remete às antigas influências como Bob Dylan. Porém, em alguns momentos, a composição parece transitar pela psicodelia do consagrado Velvet Underground com versos fortes, mas ao mesmo tempo ritmados e suaves.

A pegada grunge que marcou o som da banda em seus momentos áureos revela-se intensamente em “Take A Load Off”. A música poderia perfeitamente integrar o segundo álbum da banda, “Purple”, que, entre outras contribuições, cede ao lançamento atual a versão ao vivo de “Vasoline”.

Outro exemplo de resgate de um passado não tão distante de influências é “First Kiss On Mars” cujo vocal nos faz recordar de David Bowie em sua fase “Tin Machine”.

Por fim, “Samba Nova”, uma clara referência híbrida aos gêneros musicais brasileiros samba e bossa nova, parece uma incursão da banda à consagrada “Sour Girl”, presente em seu quarto álbum, aprofundando, no entanto, a criatividade através de novas misturas e batidas típicas das composições brasileiras.

As gravações do disco foram realizadas com guitarras Gibson e Telecaster, sendo a capa de autoria do ilustrador Shepard Fairey, conhecido pela arte “Hope” protagonizada por Barack Obama.

Nenhum comentário: